TEXTO CURATORIAL


CARNE VIVA é um corte aberto do que significa ser um corpo no mundo. Reunindo obras de diferentes gerações de artistas, com enfoque nas paranaenses, a mostra investiga a carne da mulher em suas múltiplas dimensões: como território de prazer e dor, como superfície de impressão de normas sociais, como memória afetiva e como campo de resistência e luta política. As obras selecionadas operam como pequenas cirurgias no cotidiano. Os bordados violam a inocência do passado, as palavras denunciam a noção de maternidade como obrigação, a religião como controle e a sexualidade como tabu. As pinceladas expostas traduzem em tela a ansiedade de um corpo-mente que não para. Suas figuras transcendem a tela e transmitem um mal-estar compartilhado por sua geração. A exposição avança para a esfera do coletivo e do espaço público. O corpo como aparato social, que desafia padrões impostos, questiona as instituições que o moldam e o aprisionam, proclamando seu direito ao desejo e ao prazer e, reforça a ideia de um corpo que se expande e se reconecta com sua natureza e sua cidade. CARNE VIVA é, portanto, uma ecografia do ser mulher que fala a partir da carne e suas vivências. O coro de artistas sussurra, grita, borda e registra suas verdades. As obras não falam sobre o corpo; elas falam a partir dele, oferecendo ao público um espelho onde se refletem, as feridas e o encanto da carne viva que perambula pelo Paraná.

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